sábado, 28 de agosto de 2010

REPÚBLICA DE WEIMAR


Nos termos do Tratado de Versalhes, assinado em 28 de junho de 1919, a Alemanha deveria ceder a Alsácia-Lorena, Eupen-Malmédy, o Schleswig Setentrional e a área de Memel. A Polônia foi restaurada e, após plebiscitos e levantes independentistas, foram-lhe entregues Posen, a Prússia Ocidental e a Alta Silésia. Todas as colônias seriam entregues aos Aliados. As margens direita e esquerda do Reno seriam permanentemente desmilitarizadas. O Sarre, centro industrial importante, seria governado pela Liga das Nações por 15 anos, seus campos de carvão administrados pela França. Para assegurar o cumprimento do tratado, tropas aliadas ocupariam a margem esquerda (alemã) do Reno por um período entre 5 e 15 anos. 
O exército alemão ficaria limitado a 100 mil oficiais e soldados; o estado-maior seria dissolvido; grandes quantidades de material bélico seriam entregues e a fabricação de munições, rigidamente controlada. A marinha sofreria redução semelhante; ficava proibida a utilização de aeronaves militares. A Alemanha e seus aliados deveriam aceitar a exclusiva responsabilidade pela guerra e pagar compensações financeiras pelas perdas e danos sofridas pelos Aliados.
Os humilhantes termos da paz provocaram indignação entre os alemães e enfraqueceram drasticamente o novo regime democrático. Em 11 de agosto de 1919, entrou em vigor a constituição de Weimar, sendo Friedrich Ebert o primeiro Presidente da República.
Os dois maiores inimigos do novo regime eram o Partido Comunista Alemão (KPD) e o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), que abusariam das liberdades democráticas para lutar contra a República de Weimar. Já nos primeiros meses de 1920, fracassou uma tentativa de golpe de Estado feita pelo extrema-direita Wolfgang Kapp em Berlim; greves e rebeliões em outras cidades foram violentamente reprimidas.
Em 1922, a Alemanha foi o primeiro Estado a estabelecer relações diplomáticas com a União Soviética, por meio do Tratado de Rapallo.
Quando a Alemanha deixou de pagar a indenização de guerra, tropas francesas e belgas ocuparam o distrito do Ruhr, altamente industrializado (janeiro de 1923). A resistência passiva subseqüente foi bem-sucedida mas levou à hiperinflação — os que perderam as suas fortunas tornar-se-iam inimigos da República de Weimar e eleitores da direita antidemocrática.
Em setembro de 1923, com a deterioração da economia, o Chanceler Gustav Stresemann pediu o fim da resistência passiva no Ruhr. Em novembro, seu governo lançou uma nova moeda, o Rentenmark (posteriormente, Reichsmark), e tomou outras medidas para controlar a hiperinflação. Nos seis anos seguintes, a situação econômica melhorou. Em 1928, a produção industrial alemã voltou aos níveis de 1913.
Na noite de 8 de novembro de 1923, seiscentos integrantes armados das SA cercaram uma cervejaria em Munique, onde os dirigentes do estado da Baviera e os comandantes locais do exército alemão se encontravam para uma reunião pública. As tropas de assalto eram chefiadas por Adolf Hitler. Nascido em 1889, na Áustria, ex-voluntário no exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial, na época membro do NSDAP, Hitler era até então desconhecido. Procurou forçar os presentes a se juntarem a ele numa marcha contra Berlim para tomar o poder (o chamado Putsch da Cervejaria). Foi posteriormente preso e condenado a cinco anos de detenção, mas terminou por ser solto com apenas um ano de prisão, no fim de 1924.
As eleições nacionais de 1924 foram ganhas pela direita (na chamada Ruck nach Rechts). O Marechal-de-Campo Hindenburg, monarquista, foi eleito Presidente.
Em outubro de 1925, Alemanha, França, Bélgica, Reino Unido e Itália celebraram o Tratado de Locarno, que reconhecia as fronteiras franco e belgo-germânicas. Ademais, o Reino Unido, a Itália e a Bélgica comprometeram-se a ajudar a França caso a tropas alemãs reocupassem a Renânia desmilitarizada. O tratado preparou a entrada da Alemanha na Liga das Nações, em 1926.
O crash de Wall Street em 1929 e a conseqüente Grande Depressão foram sentidos na Alemanha, cuja economia foi abalada. No início de 1932, o desemprego no país já atingia mais de seis milhões de pessoas. Ocorreu também uma crise política, devido à incapacidade de os partidos políticos representados no Reichstag constituírem uma maioria para indicar o governo. Em março de 1930, o Presidente Hindenburg nomeou Heinrich Brüning para o cargo de chanceler. De maneira a fazer aprovar seu pacote de medidas de austeridade contra uma maioria de parlamentares sociais-democratas, comunistas e do NSDAP, Brüning lançou mão de decretos de emergência e chegou mesmo a dissolver o Parlamento.
O NSDAP saiu vitorioso nas eleições de julho de 1932, com 38% dos votos (e o apoio da pequena burguesia, da juventude, dos desempregados e da população rural), o que lhe deu a maior bancada no Reichstag. O KPD comunista, por sua vez, passou a ser o terceiro maior partido no Parlamento, com 15%. Juntos, portanto, os partidos antidemocráticos de esquerda e direita detinham agora a maioria no legislativo alemão. Em 30 de janeiro de 1933, pressionado pelo ex-Chanceler Franz von Papen e outros conservadores, o Presidente Hindenburg nomeou Hitler para o cargo de chanceler.

Nenhum comentário:

Postar um comentário